quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Alegria na Tristeza

"O título desse texto na verdade não é meu, e sim de um poema do uruguaio Mario Benedetti. No original, chama-se "Alegría de la tristeza" e está no livro "La vida ese paréntesis" que, até onde sei, permanece inédito no Brasil.

O poema diz que a gente pode entristecer-se por vários motivos ou por nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto, mas que ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la.

Pode parecer confuso mas é um alento. Olhe para o lado: estamos vivendo numa era em que pessoas matam em briga de trânsito, matam por um boné, matam para se divertir. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro. Quem tem emprego, segura. Quem não tem, procura. Os que possuem um amor desconfiam até da própria sombra, já que há muita oferta de sexo no mercado. E a gente corre pra caramba, é escravo do relógio, não consegue mais ficar deitado numa rede, lendo um livro, ouvindo música. Há tanta coisa pra fazer que resta pouco tempo pra sentir.

Por isso, qualquer sentimento é bem-vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia. Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado pra fora.Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta. Fazer é muito barulhento.

Sentir é um retiro, fazer é uma festa. O sentir não pode ser escutado, apenas auscultado. Sentir e fazer, ambos são necessários, mas só o fazer rende grana, contatos, diplomas, convites, aquisições. Até parece que sentir não serve para subir na vida.

Uma pessoa triste é evitada. Não cabe no mundo da propaganda dos cremes dentais, dos pagodes, dos carnavais. Tristeza parece praga, lepra, doença contagiosa, um estacionamento proibido. Ok, tristeza não faz realmente bem pra saúde, mas a introspecção é um recuo providencial, pois é quando silenciamos que melhor conversamos com nossos botões. E dessa conversa sai luz, lições, sinais, e a tristeza acaba saindo também, dando espaço para uma alegria nova e revitalizada. Triste é não sentir nada."

(Martha Medeiros)

______________________________________________________
Estou viajando e estou sem tempo para postar por aqui, talvez fique dias sem postar. Mas se der, venho rapidamente fazer um comentário. Viver mesmo consome de verdade, queima e brilha. To me sentindo muito nessa frase do texto da Martha "Triste é não sentir nada", pois eu sinto novamente coisas que a muito tempo ficaram esquecidas em algum canto do passado, me sinto viva novamente, como se tivesse ganhado uma vida nova.
=)
Uma ótima semana a todos.
Alegria é a melhor coisa que existe.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Para sermos felizes até certo ponto é preciso que tenhamos sofrido até o mesmo ponto.

Tudo o que vemos ou parecemos, não passa de um sonho dentro de um sonho.

Edgar Allan Poe



Não entendo muito bem, como as pessoas se desesperam com a dor, com o amor. Eu sempre sofri sozinha, nunca tive a quem contar todos meus dramas internos, claro que tinha amigas ao meu lado, mas elas jamais entenderiam o que se passava de verdade dentro daquele abismo que sentia. As pessoas em geral gostam de contar suas dores por ai, serem vítimas dos seus próprios dramas, eu sempre gostei de mergulhar profundamente na minha dor, que era a única coisa que me pertencia. Ainda bem que agora não existe mais dor, só amor.

domingo, 27 de junho de 2010

Hoje passei o dia todo ouvindo um CD que ganhei de presente de uma pessoa muito especial. Franz Schubert invadiu meu quarto minha cabeça e meu coração. Uma música que invadiu muito minha alma hoje foi “Lied der Mignon”. Gostei desse vídeo e o coloco aqui para eternizar esse momento.

sábado, 26 de junho de 2010

“Não me obrigue a abandonar-te, a desistir de te acompanhar, pois, a onde fores, eu irei também; teu povo será meu povo e teu Deus será meu Deus!

[Rute – 1 – Bíblia Hebraica]

Em Lech Lecha, o Criador diz a Abraão para deixar sua casa. Ele diz: “Você está em um lugar ruim, existem pessoas más em torno de você, e você está sendo influenciado por coisas que não são para o seu melhor beneficio. Você tem que sair daqui!”
No entanto, Hashem não lhe diz para onde ir.


"Quando olhamos para uma posição em nossas vidas, nosso primeiro pensamento é: “Como é que eu vou tirar o melhor proveito desta situação só para mim?”

Precisamos agora entender que nossos pensamentos motivam a realidade. Quando olhamos para o mundo com egoísmo, a negatividade é projetada para fora no cosmo."

(Karen Berg)


Eu não tenho do que reclamar, sei onde estou e sei para onde estou indo, isso é ter certeza, não só no começo, é continuar com a certeza de que nada é em vão, tudo tem um motivo oculto que muitas das vezes só vemos lá na frente. Nossa visão é muito limitada. A Luz é realmente muito boa. =)

O que sua atitude pode fazer por você

O que normalmente separa os melhores do restante? Você já pensou nisso? O que separa o medalhista de ouro do medalhista de prata nas Olimpíadas? O que separa o empresário de sucesso daquele que não tem sucesso? O que possibilita uma pessoa vencer na vida depois de um acidente que a deixou incapacitada enquanto outra desiste e morre?

É a atitude.
É claro que, de vez em quando, aparecem pessoas como Mozart ou Lance Armstrong – aquelas cujos dons são tão extraordinários a ponto de realizarem coisas com as quais o restante de nós só consegue sonhar. (Mas até elas são auxiliadas pelo fato de terem atitudes extraordinárias). A maioria das pessoas, quando estão no auge de sua profissão, são parecidas no que se refere ao talento. O que separa uma medalha de ouro de uma de prata normalmente são centésimos de segundo. Jogadores de golfe profissionais vencem torneios com uma única tacada. Como disse Denis Waitley em The Winner’s Edge [A vantagem do vencedor], “a vantagem do vencedor não está em nascer em berço de ouro, em ter QI elevado ou em ser talentoso. A vantagem do vencedor está na atitude, não na aptidão. Atitude é o critério para o sucesso. Mas não se pode comprar uma atitude por um milhão de dólares. As atitudes não estão à venda”.
A maior diferença que minha atitude pode fazer está dentro de mim, não nos outros.
Por anos tentei viver de acordo com a seguinte afirmação: nem sempre posso escolher o que acontece comigo, mas sempre posso escolher o que acontece em mim.
Algumas coisas na vida escapam ao meu controle. Outras não. Minha atitude nas áreas que escapam ao meu controle pode fazer diferença. Minha atitude nas áreas que estão sob meu controle irá fazer diferença. Em outras palavras, a maior diferença que minha atitude pode fazer está dentro de mim, não nos outros. Essa é a razão por que sua atitude é a sua maior qualidade ou a sua maior deficiência. É ela que prepara ou acaba com você. Ela pode levantar ou derrubar você. Uma atitude mental positiva não lhe permitirá fazer tudo. Mas ela pode ajudá-lo a fazer qualquer coisa melhor do que você faria se sua atitude fosse negativa.


Uma atitude positiva é uma qualidade diária em quase todos os sentidos. Ela não só ajuda a resolver problemas pequenos como também fornece um instrumental poderoso que pode ser útil por toda a sua vida. Aqui está o que quero dizer:
1. Sua atitude faz diferença na sua maneira de encarar a vida
À medida que nos aproximávamos do fim do século XX, muito se escreveu sobre os homens e mulheres que sobreviveram à Depressão e lutaram na II Guerra Mundial, as pessoas que Tom Brokaw chamou de “a melhor geração”. Lembro-me de ler uma história sobre uma mulher daquela geração que acompanhou o marido durante a guerra até um acampamento do exército norte-americano no deserto do sul da Califórnia. O homem a aconselhou a não ir, achando que ela ficaria melhor se voltasse para o leste para ficar com a família, mas a jovem recém-casada não quis se separar de seu marido.
A única acomodação que eles conseguiram encontrar foi uma cabana em situação precária perto de uma aldeia de índios americanos. O lugar era muito simples. Durante o dia, as temperaturas muitas vezes chegavam aos 46°C. O vento, que soprava constantemente, parecia o ar quente que sai do forno. E a poeira deixava tudo em estado deplorável.
A jovem achava os dias longos e tediosos. Seus únicos vizinhos eram índios americanos com os quais ela encontrou poucas afinidades. Quando seu marido foi enviado para o deserto para duas semanas de manobras militares, ela desabou. As condições de vida e a solidão eram demais para ela. Ela escreveu para a mãe para dizer que queria voltar para casa.
Pouco tempo depois, recebeu uma resposta de casa. Uma das coisas que sua mãe lhe disse foi:
Dois homens olhavam pelas grades de uma prisão.
Um via lama; o outro, estrelas.

Ao ler várias vezes as linhas da carta, a jovem inicialmente sentiu vergonha. Depois sua reflexão amadureceu. Ela realmente queria ficar com o marido, por isso tomou uma decisão: ela procuraria as estrelas.
No dia seguinte, esforçou-se para fazer amizade com seus vizinhos. À medida que os conhecia, ela também pedia que eles a ensinassem a tecer e a fazer cerâmicas. No início, eles relutaram, mas, quando viram que o interesse que ela tinha por eles e pelo trabalho que faziam era genuíno, eles mostraram-se mais receptivos. Quanto mais a mulher aprendia sobre a cultura e a história dos índios americanos, mais ela queria saber. Sua perspectiva começou a mudar. Até o deserto começou a parecer diferente para ela. Ela começou a apreciar sua beleza serena, sua vegetação resistente porém vistosa, e até pedras e conchas fossilizadas encontrou ao explorar a região. Ela começou, inclusive, a escrever sobre suas experiências ali.
O que mudou? Não foi o deserto. Não foram as pessoas que moravam naquele lugar. Ela mudou. Sua atitude mudou – e, conseqüentemente, seu ponto de vista mudou.

As pessoas mais felizes na vida não têm necessariamente tudo o que há de melhor. Elas simplesmente tentam aproveitar tudo ao máximo. São como a pessoa de uma aldeia afastada que vai a uma fonte todos os dias para pegar água e que diz: “Toda vez que venho a esta fonte, vou embora com o balde cheio de água!”, em vez de “Não posso acreditar que tenho de continuar a voltar a essa fonte para encher o balde!”
A atitude de uma pessoa tem uma profunda influência sobre o seu modo de encarar a vida. Pergunte a um técnico antes de um jogo importante se a atitude dele e a de seus jogadores farão diferença no resultado do jogo. Pergunte a um cirurgião se a atitude do paciente é importante quando sua vida está em jogo em uma sala de emergência. Pergunte a um professor se as atitudes dos alunos têm um impacto antes de realizarem um teste.
Se você espera coisas ruins, é isso que você receberá. Se espera coisas boas, você muitUma das coisas que aprendi é que a vida muitas vezes lhe dá tudo aquilo que você espera dela.as vezes as recebe. Não sei por que as coisas são assim, mas é assim que funciona. Se você não acredita em mim, faça um teste. Experimente passar 30 dias esperando o melhor de tudo: o melhor lugar para estacionar o carro, a melhor mesa no restaurante, a melhor interação com os clientes, o melhor tratamento dos funcionários públicos. Você se surpreenderá com o que verá, principalmente se também der o melhor de você mesmo para os outros em todas as situações.

2. Sua atitude faz diferença em seus relacionamentos pessoais
Em agosto de 2005, tive o privilégio de falar no Willow Creek Leadership Summit. Uma das pessoas que conheci ali foi Colleen Barrett, presidente e secretária corporativa da Southwest Airlines, que também era uma das palestrantes do evento. Eu estava ansioso para conversar com ela porque, enquanto outras companhias aéreas perdiam dinheiro e lutavam para sobreviver durante os últimos anos, a Southwest havia obtido sucesso e lucro.
Colleen e eu conversamos sobre liderança. Segundo ela, uma das coisas das quais a companhia mais se orgulhava era sua reputação pelo excelente atendimento ao cliente. Quando lhe perguntei como eles conseguiam isso, ela disse que a companhia não dependia de muitas regras. Havia, sem dúvida, regulamentos determinados pela Agência Federal de Aviação aos quais eles obedeciam e, além disso, eles tinham regras que exigiam que os comissários de bordo sempre fossem pontuais para cumprir suas tarefas uma vez que sua escalação era tranqüila. Mas a ênfase da companhia está na criação do tipo certo de atitude entre os funcionários. Os funcionários da Southwest estavam habilitados para avaliar situações e tomar decisões. E seu foco está nas habilidades pessoais e na regra de ouro. Mesmo quando cometem erros, desde que estejam tentando ver as coisas pelo ponto de vista do cliente e tentando prestar um bom serviço, os funcionários recebem apoio.
Para ter sucesso, é preciso ser capaz de trabalhar bem com os outros. Essa é a razão por que Theodore Roosevelt disse: “O único ingrediente mais importante na fórmula para o sucesso é saber se entender com as pessoas”.
Muitos fatores entram em ação quando o assunto diz respeito a habilidades que envolvem trabalhar com pessoas, mas o que desenvolve ou acaba com essa habilidade é a atitude de uma pessoa. Recentemente escrevi um livro chamado Vencendo com as pessoas em que descrevo 25 princípios pessoais que qualquer pessoa pode usar para melhorar sua capacidade de construir relacionamentos e de trabalhar com outras pessoas. Muitos desses princípios se baseiam na atitude. Aqui estão alguns exemplos:
O Princípio da Lente: quem somos é o que determina o modo como vemos os outros. Nossa percepção dos outros depende mais de nossa atitude do que das características dos que nos cercam. Se formos positivos, nós os vemos de modo positivo.
O Princípio da Dor: pessoas magoadas magoam pessoas e se deixam facilmente magoar por elas. Nossas experiências negativas e nossa bagagem emocional dão cor à nossa percepção das ações dos outros. Interações normais podem causar-nos dor mesmo quando a outra pessoa não fez nada para causar dor.
O Princípio do Elevador: podemos levantar as pessoas ou derrubá-las em nossos relacionamentos. As pessoas têm uma mentalidade que consiste em levantar ou limitar os outros.
O Princípio do Aprendizado: cada pessoa que conhecemos tem o potencial de nos ensinar algo. Algumas pessoas têm uma atitude receptiva ao ensino e admitem que podem aprender algo com todas as pessoas que conhecem. Outras desprezam muitas pessoas e admitem que elas nada têm a oferecer.
Há outros princípios no livro baseados na atitude, mas já deu para você ter uma idéia. Em se tratando de lidar com pessoas, a atitude faz diferença. Se seu currículo não é tão bom quanto você gostaria que fosse quando o assunto é lidar com pessoas, talvez você precise observar sua atitude. Embora seja verdade que algumas pessoas pareçam ter um modo natural de ganhar os outros, até alguém com habilidades pessoais naturais limitadas pode aprender a ganhar as pessoas se decidir ter uma atitude positiva para com elas.
3. Sua atitude faz diferença em seu modo de enfrentar desafios
Dizem que quando Chesty Puller, da Marinha norte-americana, viu-se cercado de oito divisões inimigas durante a guerra coreana, sua resposta foi: “Tudo bem, eles estão à nossa esquerda. Estão à nossa direita. Estão à nossa frente. Estão atrás de nós – desta vez, eles não podem escapar!”
Na vida, os obstáculos, os desafios, os problemas e os fracassos são inevitáveis. Como você vai lidar com eles? Vai desistir? Vai deixar que as circunstâncias o deixem mal? Ou você vai tentar fazer o melhor possível? O caminho que você escolher depende de sua atitude.
Certa vez, ouvi um conferencista dizer que nenhuma sociedade jamais desenvolveu homens valentes durante tempos de paz. O velho provérbio é verdadeiro: o que não mata, fortalece. Lembre-se dos momentos em sua vida em que você mais cresceu. Aposto que você cresceu em conseqüência de superar dificuldades. Quanto melhor sua atitude, maiores as chances de você conseguir superar dificuldades, crescer e seguir em frente.
Você pode ver esse padrão na vida de grandes homens e mulheres:
Demóstenes, conhecido como o maior orador da Grécia antiga, tinha um problema de fala. A lenda diz que ele o superou recitando versos com seixos na boca e falando mais alto que o bramido das ondas na beira do mar.
Martinho Lutero, pai da Reforma Protestante, aproveitou o tempo que ficou confinado no castelo de Wartburg para traduzir o Novo Testamento para o alemão.
O compositor Ludwig van Beethoven compôs suas maiores peças sinfônicas depois que ficou surdo.
John Bunyan escreveu O peregrino enquanto estava preso. Daniel Defoe também escreveu o livro Robinson Crusoé enquanto estava preso.
Abraham Lincoln é considerado por muitos o melhor dos presidentes dos Estados Unidos, mas ele provavelmente não teria se destacado como um grande líder se não tivesse conduzido o país durante a guerra civil. Muitas vezes as circunstâncias difíceis parecem servir de instrumento na criação de grandes líderes e pensadores. Mas isso só acontece quando as atitudes deles são corretas.
Ouvi dizer que na língua chinesa duas palavras muitas vezes se juntam para criar outra palavra com um significado muito diferente. Por exemplo, quando o símbolo para a palavra que significa homem se junta com o símbolo para a palavra que significa mulher, a palavra resultante significa bom.
Ter uma atitude positiva pode ter um efeito semelhante. Quando um problema vem em direção a alguém que tem uma atitude positiva, o resultado é muitas vezes algo maravilhoso. É da confusão que os problemas causam que podem surgir grandes estadistas, cientistas, autores ou empresários. Todo desafio tem uma oportunidade. E toda oportunidade tem um desafio. A atitude de uma pessoa determina seu modo de lidar com ambas as coisas.
4. Sua atitude faz diferença
Quando a atitude é o mais importante? Quando ela faz a maior diferença? Não é durante um evento esportivo ou quando os negócios ficam difíceis. É quando a própria vida está em perigo. E, nessas ocasiões, a atitude realmente faz diferença.
Quando pastor, eu passava a maior parte do tempo com pessoas que estavam vivendo situações de tragédia. Visitava muitos pacientes antes de serem operados, e os que se empenhavam ao máximo e se recuperavam mais rápido eram as pessoas que tinham as melhores atitudes. Visitava muitas clínicas de repouso. Os idosos que têm sucesso são os que ainda têm uma atitude positiva com relação a si mesmos e a sua situação. Certa vez, ouvi um funcionário de uma clínica de repouso dizer que, não raro, pacientes recém internados, por sentirem-se abandonados e sem poder de escolha quanto à internação, tendiam a se entregar e a morrer antes daqueles que viam a situação como apenas outra fase da vida a ser enfrentada de maneira positiva.
Muitas pessoas escreveram sobre o poder que uma atitude positiva tem sobre a saúde e a boa forma. Muitas equipes médicas dizem que viram uma correlação positiva entre as atitudes das pessoas e a sua capacidade de recuperar-se de doenças como o câncer. Dr. Ernest H. Rosenbaum e Isadora R. Rosenbaum dizem que essas observações levaram a novos estudos sobre a atitude:
Pesquisadores estão agora experimentando métodos para levar efetivamente a mente a participar do combate do corpo contra o câncer... Alguns médicos e psicólogos agora acreditam que a atitude adequada pode até ter um efeito direto sobre a função da célula e, conseqüentemente, ser usada para inibir, se não curar, o câncer. Esse novo campo de estudo científico, chamado psiconeuroimunologia, concentra-se no efeito que a atividade mental e emocional tem sobre o bem-estar físico, indicando que os pacientes podem desempenhar um papel muito maior em sua recuperação.
Ver uma ligação entre os pensamentos e sentimentos das pessoas e sua saúde não é novidade. Segundo Rosenbaum: “Sabemos há mais de dois mil anos – com os escritos de Platão e Galeno – que há uma correlação direta entre a mente, o corpo e a saúde da pessoa”. O poeta John
Milton escreveu:
A mente é um lugar em si mesma, e pode fazer do inferno um céu e do próprio céu um inferno.
Sua atitude tem uma profunda influência sobre seu modo de ver o mundo – e, portanto, sobre o modo como você leva a vida.
Atitude é importante. É tão importante que ela realmente faz diferença. Ela não é tudo, mas é uma coisa que pode fazer diferença em sua vida”.

(Extraído da obra você faz a diferença – como sua atitude pode revolucionar sua vida, de John C. Maxwell, Editora Thomas Nelson Brasil)

(William Douglas)
_____________________________________________________________________________________



Passe a partir de agora a desenvolver e aperfeiçoar sua atitude. Ate porque, como já foi dito, "a felicidade não decorre de um determinado conjunto de circunstâncias, mas de um conjunto de atitudes diante das circunstâncias".

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Mundinho

Não sou pra todos. Gosto muito do meu mundinho. Ele é cheio de surpresas, palavras soltas e cores misturadas. Às vezes tem um céu azul, outras tempestade. Lá dentro cabem sonhos de todos os tamanhos. Mas não cabe muita gente.Todas as pessoas que estão dentro dele não estão por acaso. São necessárias.


Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Barbazul

Vivia num país, não me recordo se próximo ou distante, um homem que todos conheciam pelo apelido Barbazul. Era um homem de rara beleza. Do seu rosto o que mais impressionava eram os olhos, de um azul profundo, dos quais saía uma luz azul que envolvia sua barba numa aura azulada, razão do seu apelido.

Barbazul era um homem rico. Vivia num castelo. Numa das extremidades do seu castelo havia uma torre de sete patamares, trancados a sete chaves. Era uma torre misteriosa, interditada ao público, e sobre o que havia nela circulavam as estórias mais escabrosas.

Barbazul era um homem solitário. Nunca se casara. Tão bonito, tão rico: por que nunca se casara? – era a pergunta que todos faziam.

Muitas eram as mulheres, lindas mulheres, que por ele se apaixonavam. E Barbazul não se esquivava. Aceitava as sugestões contidas nos sorrisos... A princípio era um simples namorico, os dois passeando pelos bosques... Mas sempre chegava o momento quando a jovem lhe dizia:

“Gostaria de me casar com você...“

“Casamento é coisa muito séria“, dizia Barbazul. “Só devem se casar pessoas que se conhecem profundamente. E só existe uma forma de as pessoas se conhecerem: é preciso que vivam juntas. Você viveria comigo, no meu castelo, mesmo sem nos casarmos? Eu no meu quarto, você no seu... Até nos conhecermos?”

E assim acontecia. A jovem ia viver com Barbazul no seu castelo, cada um no seu quarto. Comiam juntos, passeavam, conversavam... Barbazul era um homem extremamente fino e delicado. Mas sempre acontecia a mesma coisa: depois de um mês assim vivendo Barbazul se dirigia à jovem e lhe dizia: “Vou fazer uma viagem de sete dias. Nesses dias você tem permissão para visitar a ‘Torre dos Sete Patamares‘. Aqui estão as sete chaves... Durante a sua visita você deverá segurar a chave do patamar que você estará visitando na sua mão esquerda, fechada com bastante força. Isso é muito importante. Porque as chaves têm propriedades mágicas...“

Com essas palavras ele partia e a jovem ficava só, com as sete chaves na mão, e a Torre dos Sete Patamares a ser visitada...

Transcorridos sete dias Barbazul regressava e após o abraço do reencontro perguntava:
“Visitou a Torre dos Sete Patamares?“
“Sim. Visitei todos os patamares...“, a jovem respondia alegremente.
“Você gostou?“
“Eu os achei maravilhosos!“
Barbazul insistia:
“Todos eles?“
“Sim, todos eles...“
“Então“, concluía com um sorriso, “é hora de você me devolver as sete chaves, aquelas que você apertou na mão esquerda, o lado do coração. Como eu lhe disse, elas são mágicas... Elas vão me contar o que você sentiu...“

Assentava-se então numa poltrona, fechava os olhos, e segurava as chaves na sua mão esquerda, uma de cada vez. A magia das chaves estava nisso: elas o faziam sentir, ao segurá-las, o mesmo que a jovem havia sentido, na sua visita aos sete patamares da torre.

Só de olhar para o seu rosto era possível perceber os sentimentos guardados na chave que segurava. Eram sentimentos os mais variados, todos os que existem no leque que vai da alegria até a tristeza. As jovens sempre se emocionavam ao visitar os patamares da torre... Com uma exceção. Ao segurar a sétima chave o sorriso de Barbazul desaparecia e, no seu lugar, aparecia enfado e tédio. Era isso que a jovem havia sentido no sétimo patamar: enfado e tédio.

“Não“, dizia ele à jovem. “Não poderemos nos casar. Comigo você será para sempre infeliz. O que há de mais fundo em mim, para você é tédio e enfado.“

E sem outras explicações levava a jovem à casa de seus pais, não sem antes enchê-la com os presentes que trouxera da viagem.

E era sempre assim.
Foi então que aconteceu...
Era o entardecer, o sol se pondo no horizonte. O mar estava maravilhosamente azul. Barbazul caminhava na praia, como sempre fazia, pés descalços... Viu, ao longe, uma jovem que caminhava sozinha, molhando os seus pés na espuma do mar. Era uma cena linda, digna de uma tela de Monet: uma jovem sozinha, vestes brancas na areia branca, contra o azul do céu e o azul do mar... Ela caminhava na sua direção, distraída. Mas parecia não vê-lo, tão absorta se encontrava. Ela se assustou quando o viu...
“Eu a assustei?“, ele perguntou.
“Eu estava distraída“, ela disse, se desculpando.
“Qual é o seu nome?“
“O meu nome? Stella Maris...“
“Chamam-me de Barbazul, por causa da cor da minha barba...“
Eles riram.
Ela não era bonita. Mas a cena era bonita, bonitos eram seus olhos, bonita era a sua voz...

Barbazul ouviu músicas no seu coração. E foi assim que caminharam juntos de pés descalços ao sol poente, caminhadas que vieram a se repetir a cada novo dia.

Até que, numa dessas caminhadas, Barbazul falou o que nunca falara.
“Você não quer morar comigo no meu castelo?“
“Você está pedindo que eu me case com você?“, ela perguntou.
“Não. Estou pedindo que você venha morar comigo. Depois de morar comigo, quem sabe, descobriremos que as nossas solidões poderão caminhar juntas pela vida...“

E assim, ela foi morar no castelo do Barbazul. E aconteceu exatamente como acontecia com todas as outras: passado um tempo Barbazul anunciou uma viagem de sete dias e lhe deu as sete chaves com a mesma recomendação. E partiu...

No primeiro dia Stella Maris tomou a primeira chave, abriu a porta do primeiro patamar e segurou firmemente a chave na sua mão. Era um enorme salão de festas cheio de gente. A orquestra tocava valsas alegres e as pessoas dançavam e riam. Parecia que todos estavam leves e felizes. Stella Maris dançou também e se sentiu leve e feliz.

No segundo dia Stella Maris tomou a segunda chave, abriu a porta do segundo patamar e segurou firmemente a chave na sua mão. Era um salão de banquetes onde se serviam as mais deliciosas comidas e se bebiam os vinhos mais caros. Muitos eram os comensais, mas não tantos quantos havia no salão de festas. Stella Maris juntou-se a eles, assentou-se, comeu, bebeu e se alegrou.

No terceiro dia Stella Maris tomou a terceira chave, abriu a porta do terceiro patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era um parque cheio de crianças que brincavam dos mais variados brinquedos: balanços, gangorras, pipas, piões, cabo-de-guerra, pau de sebo, perna de pau, pula-corda, amarelinha, bolinhas de gude, bonecas, casinha, cabra-cega, escorregador, sela... Todas riam. Todas estavam felizes. Stella Maris se sentiu como criança e se juntou com elas, a brincar.

No quarto dia Stella Maris tomou a quarta chave, abriu a porta do quarto patamar e segurou a chave firmemente em sua mão. Era uma biblioteca com prateleiras cheias de livros. Havia livros de todos os tipos: livros de ciência, de história, de literatura, de poesia, de filosofia, de humor, de mistério, de crime, de ficção científica, de arte, de culinária, de sexo, de religião... Os rostos daqueles que, assentados às mesas, liam livros em silêncio, revelavam emoções que os livros continham: concentração, excitação, curiosidade, alegria, tristeza, riso... Stella Maris escolheu um livro de arte, pinturas de Monet. Vendo as ninféias de Monet ela se sentiu leve e diáfana e desejou ver uma ninféia num lago...

No quinto dia Stella Maris tomou a quinta chave, abriu a porta do quinto patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era uma catedral gótica. A luz do sol se filtrava através dos vitrais coloridos e no silêncio do espaço vazio se ouvia o Requiem, de Fauré. E não eram muitas as pessoas que lá estavam. Havia rostos de súplica, rostos de sofrimento, rostos de paz. Stella Maris foi envolvida pelo silêncio, pelas cores dos vitrais, pela música... E a sua alma orou, chorou, agradeceu e sentiu paz.

No sexto dia Stella Maris tomou a sexta chave, abriu a porta do sexto patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era um jardim japonês. Ouvia-se o barulho da água que caía na fonte onde nadavam carpas coloridas em meio às ninféias. As cerejeiras estavam floridas. Um velho hai-kai repentinamente floresceu: “Cerejeiras ao anoitecer – Hoje também já é outrora...“ (Issa). Poucas, muito poucas eram as pessoas que andavam pelo jardim. Stella Maris se assentou sob uma cerejeira florida e o seu pensamento parou. Não era necessário pensar. A beleza era tanta que ocupava todo o lugar onde moram os pensamentos. Experimentou o paraíso...

No sétimo dia Stella Maris tomou a sétima chave, abriu a porta do sétimo patamar e segurou a chave firmemente na sua mão. Era uma ampla sala vazia, na penumbra. Ninguém, somente ela. O silêncio era absoluto. A solidão era absoluta. Dois móveis apenas, duas cadeiras. A que se encontrava no centro da sala era iluminada pela luz das velas de um candelabro que pendia do teto. Stella Maris assentou-se na cadeira que estava num canto, nas sombras.

Foi então que um homem entrou por uma porta nos fundos. Vinha abraçado com um violoncelo. Sem dizer uma única palavra ele se assentou, arrumou o violoncelo entre as pernas, tomou o arco, concentrou-se e pôs-se a tocar. A melodia, em meio ao silêncio absoluto, sem nenhum ruído ou fala que a profanasse, era de tal pureza e pungência que lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Stella Maris.

Sentiu que o seu corpo estava possuído pela beleza. Era como se ele, o seu corpo, fosse o instrumento de onde saía a música. Sim, ela já a ouvira: a Suíte n. 1, em sol maior para violoncelo, de Bach. Terminada a execução, o artista se levantou e se retirou sem nada dizer. Stella Maris permaneceu assentada, em silêncio; não queria que aquele momento terminasse. Queria que ele se prolongasse, para sempre...

* * *

“Então“, disse Barbazul sorridente, “visitou a Torre dos Sete Patamares?“
“Visitei“, respondeu Stella Maris, entregando-lhe as chaves. Barbazul pediu para ficar sozinho e reclinando com os olhos fechados foi apertando as chaves, sucessivamente, com a mão esquerda, a mão do coração. No seu rosto se estampavam as emoções que Stella Maris havia tido em cada um dos patamares: leveza, alegria, riso, beleza, tristeza – até chegar ao último patamar, aquele que, ao segurar a sua chave, sentira o tédio e o enfado que as outras mulheres haviam sentido. O que é que Stella Maris teria sentido?

E, de repente, sentiu lágrimas rolando pelo seu rosto, as mesmas lágrimas que haviam rolado pelo rosto de Stella Maris. Era como se o seu corpo estivesse possuído pela beleza e fosse o instrumento do qual a música saía...

Barbazul sorriu. Permaneceu assentado, em silêncio; não queria que aquele momento terminasse. Queria que ele se prolongasse, para sempre...

* * *

“Stella Maris, você quer se casar comigo“, ele perguntou.

“Casar? Mas eu pensei que...“

“Sim, casar. Você compreendeu o que é a Torre dos Sete Patamares? É a minha alma. Cada patamar é um pedaço de mim. Lá se encontram os prazeres e alegrias humanos. Homens, mulheres e crianças se reúnem para compartilhar esses prazeres e alegrias. Mas, ao final da torre, há um lugar de solidão absoluta onde só entra uma pessoa de cada vez, eu permitindo. Aquele lugar é o fundo do meu coração. Quem não amar aquele lugar jamais me amará. Poderá até ser um companheiro de danças, de jantares, de discussões literárias, de brinquedos... Muitos podem ser bons companheiros. Mas, para me amar, é preciso amar a minha solidão. E aquela música é a forma sonora da minha solidão. Você a achou bela. Você permitiu que ela possuísse o seu corpo. E, por isso, eu a amo... Nossas solidões são amigas... Você quer se casar comigo?“

(Correio Popular, 19 e 26/05/2002) - *Rubem Alves*

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Saudade

Tentei postar mais cedo, mas deu um erro e perdi o post, como não estou em casa vou postar o que não sai da minha cabeça.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa
toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos
sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

*[Clarisse Lispector]*

terça-feira, 22 de junho de 2010

Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever.

*[Caio Fernando Abreu]*

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Concerto para corpo e alma

"Comprrendi que a vida não é uma sonata que,
para realizar sua beleza,
tem de ser tocada até o fim.
Dei-me conta, ao contrário,
de que a vida é um álbum de minissonatas.
Cada momento de beleza vivido e amado,
por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade
Um único momento de beleza e de amor justificam a vida inteira."

(Rubem Alves)

_______________________________________________________________

Apenas começando um blog. Sem muito o que dizer no momento, o silêncio é mais profundo.
=)