quinta-feira, 30 de junho de 2011

Alguma coisa sempre falta








Está faltando amor
Falta descobrir que sentir dor não é amar
É sofrer porque saiu do nosso controle
É achar bonito sentir qualquer coisa, para se dar conta de estar vivo

Amamos com a condição que o nosso querer seja concretizado já
Se temos é amor, se não temos é dor, se demora é obsessão

Felicidade é sentir que a dor passa
E o sofrimento a gente que escolhe
Podemos fantasiar um passado presente
Ou sermos felizes no agora e encararmos
Que a melhor alegria é o que temos hoje
É quem somos hoje
É o que fazemos e quem temos apenas hoje

Aprender a apreciar a dádiva de D’us
De estarmos onde e com quem precisamos estar

Quando isso finalmente é internalizado
Somos realmente livres para amar sem limite


















Para Emmanuele Dias.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Renovando a visão





Escrevo sob a luz de uma vela

Sinto que meus olhos mudaram, pelo menos os sinto diferentes

Vejo de ângulos diferentes, com tons e cores mais vibrantes



Assumo o medo que tinha de me perder entre os imensos e intermináveis livros universitários

Ver de acordo com os olhos dos outros, e perder a sensibilidade de internalizar

Sentir a fome do olhar, do desconhecido apreciar



Não sou escritora, muito menos aspirante a tal

Escrevo porque sinto a necessidade de marcar na alma o hoje

Amanhã os mesmos pensamentos poderão ser corrompidos

Por outras ideias da mente cheia de dúvidas e medos


Se me exponho hoje, é porque posso ver com os olhos que provavelmente amanhã não terei





terça-feira, 28 de junho de 2011

Dois em Um




É uma alegria

Ser quem eu sou

Sentir quem você é



Ser essa mudança toda que ilumina nossos corações

Que transborda de felicidade, por sermos tão unidos

Alma gêmea

Essa união tão completa

Tão bem construída



FELIZES SIM, porque podemos

Desfrutar dessa palavra chamada amor

Que representa UM

Uma só alma, um só corpo

Uma única presença que completa


Felicidade jamais vivida, por sermos mais reais

Mais verdadeiros e mais livres

Sem pressões, sem cobranças, sem urgências e sem lamentos

Apenas sendo, cada dia, seres renovados

Pelo amor que nos nutre



E sendo irreconhecivelmente felizes

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Passagem pela dor




Faz 3 anos que aquela dor passou. Passou pelo meu passado e me trouxe para o presente. Aquela dor mal vivida e bem dormida. A única coisa que me interessava naquela época era morrer. Matava a mim mesma como se mata as ilusões e os sonhos idealizados num futuro distante e próximo. Tinha poucos amigos, podia contar nos dedos de uma única mão. Palominha, minha irmãzinha de solidão. 6 meninas num apartamento dividindo o mesmo lugar. Paloma me tirou do buraco do “Eu” e me ensinou o que é ser dois em um. Aceitei, peguei na mão firme e aceitei ajuda. Outro apartamento 4 meninas, dessa vez cada uma em seu quarto. Éramos 4, eu e Paloma, duas, amigas. Á tarde todas trabalhavam e ficava eu, a rede, o silencio, o pó de minério e o piano. Ouvia música saindo das teclas jamais tocadas por mim, um sonho realizado, um piano, na sala, um piano e eu. Levantei, deitei-me na rede, fechei os olhos e chorei, solucei e desisti de pensar e peguei no sono. Era muita solidão pra uma pessoa só. Um nó na garganta e uma angustia impertinente no peito que não tinha hora marcada para me deixar em paz. O telefone dentro da minha mão, não tocava, nem vibrava. De minuto em minuto eu apertava o botão para ver se por acaso alguma mensagem pudesse aparecer me trazendo uma esperança. Esperança de viver novamente. E dormia, depois de tanto chorar na rede, dormia. Acordava e ninguém ao lado, ninguém em casa. Só eu e minha solidão só. Nenhum bilhete. Olhei para o piano e ouvia um chamado. Sentei na cadeirinha macia do piano sem encosto, descobri as teclas, respirei fundo todo aquele pó de minério que era obrigada a respirar todos os dias, fechei os olhos e da minha boca calada saíram sussurros. Minhas mãos em posição de concha queriam partir para o ataque, preparada para fazer um estrago e mudar a minha vida para sempre. Inclinei-me para frente e apertei as teclas de marfim como uma força de quem implora para ser salva. Fui invadida pelas notas dentro do meu corpo senti meu sangue quente vibrar, chorava sem parar, era linda estar morta por dentro e ninguém desconfiar. A música ia se transformando dentro daquela partitura que eu mal sabia ler, e não precisava. Meus dedos se apressavam que nem cavalinhos selvagens, como se aquela misteriosa música pudesse me libertar. Não conseguia parar, não desisti, não cansei, não chorei. Continuei, e continuo a acreditar que a história que conto hoje passou. Passou pelo meu passado e me trouxe de presente a vida.

domingo, 5 de junho de 2011

Despedida de uma escolha



Nesse mingo de dó minha vontade é desaparecer
Se eu tivesse mais certeza, levantaria e veria
Como é bela essa canção que não cansa de tocar em meu coração
Peças de uma fantasia de uma alma doentia querendo achar seu lugar

A noitinha vem chegando, voo para bem longe do meu ser
Por quê?
Apenas pequenos caprichos de uma noite que conta uma fábula
Deito e pego no sono, tenho sonhos turbulentos
Que não me permitem ter mais isso que eu tenho
E é realmente o fim do canto na vitrola
Sobre uma história curiosa
De povos e terras distantes

Cenas infantis de uma menina que se esqueceu de crescer
Criança suplicante, cabra cega
Grandes acontecimentos à lareira
Devaneios de quem se deixa levar pelas lembranças e imagens
Cavaleiro do cavalo-de-pau, é de meter medo
Entra pela floresta e vê as flores solitárias
Criança dormindo, pássaro profeta fala ao poeta quase sério demais
Despedida de uma escolha, para mergulhar na descoberta
Da Felicidade perfeita