quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

A ballerina do mar




Hoje eu estou aqui, todos correndo. Sabe quando a cidade corre e você só pensa em flutuar? Ou mergulhar no fundo do mar e só ouvir os barulhos protegido como se fosse um útero materno?  Todos correm a procura de algo, atrasados pros seus comprimissos com sigo mesmo.
Eu só hoje quero dançar no meio dessa palhaçada toda.  Quero rir, quero ser pássaro. Quero pegar voo pro mar, eu sempre disse que eu sou do mar. Quase ninguém entende, julgam pela cor da minha pele. Quem é branca não pode ser do mar? O mar não é para todo mundo. Para fazer parte do mar você tem que ser mar. Sentir e compreender e respeitar o mar. Eu sei quando entrar e quando sair, sei onde cair no mar e ele deixar eu sair. É sempre o oposto o mar. Se você cai num buraco você não pode nadar contra a força que te puxa, assim é tudo na vida. Você só se cansa e assim se afoga. Se você quer sair da sua vala, você precisa fazer diferente e ir contra o fluxo que é nada para o lado. E pronto.  O mar deixa você sair, mas para isso você tem que querer sair.
Para ser do mar, você precisa aprender a remar, amar e reamar. Nem todo mundo consegue.
É difícil ir contra a maré dos seus pensamentos. Meu coração já cansou de tanto choro. Hoje eu quero só dançar. Dançar até cansar os pés.  Quero chegar em casa, por minha roupa e virar a ballerina dos meus pensamentos. A dança me liberta dessa merda toda. Dessa divergencia toda.  Me faz ver que sim, tudo sou eu. Mas tudo posso também colorir. A vida é minha a dor é minha e eu pinto como eu quiser, eu danço como eu quiser.
Escrever sem pensar como escrever. Sem pensar na pontuação. Meu curto-circuito é querer demais, é querer fazer demais e no fundo é amar de mais.
Quero girar em torno só de mim, como uma bailarina dando piruetas. Eu abandono tudo, carreira, dinheiro, filhos que ainda nem tenho, tudo para me conectar com minha alma. Tem algo preso aqui, a anos. Eu sinto que preciso disso, mas os adultos querem que você explique o que se passa no coração, eu não sei explicar. Nem tenho muitos argumentos, só sei que eu quero e necessito. Por isso gosto mais das crianças, mas simples e sem rótulos.

Que se dane tudo. Hoje eu vou fazer o que eu tiver vontade. Vou ser milagre na minha própria vida e amanhã quando o dia recomeçar eu terei motivos para recriar, sonhar e fazer do jeito que eu acho certo remar.

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